A Sífilis no Tempo e no Espaço : história e arqueologia da sífilis nas Américas e Europa

Abstract

A sífilis foi uma das primeiras infecções sexualmente transmissíveis a serem relatadas. É uma doença provocada pela bactéria Treponema pallidum pallidum, desenvolvendo-se em múltiplos estágios e de evolução crônica que, apesar de ter tratamento conhecido e eficaz, atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. É, portanto, um problema de saúde pública. A sua origem vem sendo debatida há décadas, dividindo estudiosos entre duas teorias principais: uma que defende uma origem americana e outra que defende uma origem europeia. Tal debate alimenta uma busca por evidências que possam nos dar respostas e preencher as lacunas existentes. Há alguns anos a paleopatologia tem se beneficiado do uso de técnicas moleculares para enriquecimento e sequenciamento do DNA antigo do patógeno (arqueogenética), pois seu cultivo in vitro é difícil, bem como o diagnóstico diferencial das treponematoses entre si. A genômica tem sido de grande valor para tais pesquisas possibilitando aprofundar a discussão. Dessa forma, este trabalho buscou construir uma revisão integrativa de dados históricos e arqueológicos a fim de lançar nova luz sobre a origem geográfica da sífilis. Para isso foram realizadas buscas por publicações científicas teóricas e empíricas compreendendo os campos da arqueologia, história e ciências da saúde nas plataformas eletrônicas PubMed, Semantic Scholar, SciELO e Google Acadêmico. Foi possível constatar que a aplicação de ferramentas moleculares tem sido fundamental para o avanço das pesquisas paleopatológicas e que a integração com outros campos de pesquisa pode futuramente gerar uma robustez de dados sobre a sífilis e as outras treponematoses. Também foi observada a falta de uma padronização metodológica para garantir uma melhor confiabilidade das informações produzidas. Apesar de não ter se chegado a uma conclusão específica sobre essa discussão inicial, as informações produzidas até aqui são igualmente importantes pois contribuem para entender o quanto de informação real temos, o quanto ainda é necessário avançar e em que direções podemos focar para entender as possíveis formas de evolução da doença em diferentes populações, épocas e contextos sociais.