Patogênese, diagnóstico e principais avanços no tratamento para dermatite atópica: uma revisão de literatura

Abstract

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele que se apresenta em qualquer fase da vida, sendo uma doença em que pelo menos 1/3 da população mundial é afetada. A patogênese da doença é de caráter multifatorial em que há predisposição genética com estado de ressecamento patológico da pele, principalmente por danificação da barreira cutânea e perda de água transepidérmica. O eczema é o sinal mais clássico da dermatite atópica junto do autorrelato de prurido pelo paciente. Tradicionalmente, as lesões clínicas do eczema são classificadas como agudas (exsudação, edema e eritema) ou crônicas (despigmentação, xerose e liquenificação), no entanto a origem de fenótipos clínicos morfológica e topograficamente diferenciados torna a tarefa do diagnóstico ao exame físico bastante complexo com necessidade de padronização de critérios diagnósticos majoritariamente quantitativos. A realização de biópsias ainda que evidencie a lesão, somente expõe achados histológicos inespecíficos, como acantose, espongiose e hiperqueratose, que não contribuem significativamente para o diagnóstico. Tratamento farmacológico para controle da inflamação e do desconforto associado ao prurido são as vias utilizadas para tratar a enfermidade. No Brasil, a prevalência pediátrica geral, considerando todas as idades, representa cerca de 20,1%, sendo o maior registro do mundo. Sendo assim, é de suma importância pesquisar a patogênese e os principais avanços tecnológicos quanto ao tratamento para a referida dermatopatia. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura priorizando artigos publicados entre 2013 e 2023, que apresentassem informações relevantes para o trabalho em questão. Artigos que não atenderam aos critérios estabelecidos, tais como falta de informações necessárias, falta de relação com o tema em questão ou presença de informações incompletas ou duplicadas, foram excluídos da análise. No total, foram utilizados 84 artigos para a realização do presente trabalho. A revisão enfatiza a importância de se compreender a patogênese e prestar a população um diagnóstico correto, além de ter uma equipe multiprofissional em constante atualização sobre a identificação clínica e os avanços no tratamento para dermatite atópica, devido a sua heterogeneidade, caráter recidivante e apresentação clínica que independe da idade. Demonstra ainda que apesar de alguns avanços recentes no tratamento e na tentativa de estabelecer ferramentas de classificação de critérios para severidade da doença, essas novas drogas de ação inibitória da JAK (dupilumabe) e uso de anticorpos monoclonais (abrocitinibe) ainda são muito caras e possuem diversos efeitos adversos indesejáveis ao paciente, e a existência de 62 índices de severidade sem um único padrão-ouro dificulta a implementação desse tipo de ferramenta no diagnóstico clínico. Dessa forma, conclui-se que há a necessidade de se debater políticas públicas de acesso a tratamentos atualizados e seguros, bem como investir em pesquisa científica a fim de melhor compreender a doença, melhorando também o diagnóstico diferencial com outras patologias de pele.