Avaliação do efeito residual do extrato hidroalcoólico de Parkinsonia aculeata no perfil murinométrico e hepático de ratas expostas a dieta ocidentalizada

Abstract

A obesidade é um problema de saúde complexo, de etiologia multifatorial, relacionado ao desenvolvimento de inúmeras comorbidades, e de difícil abordagem terapêutica e resolução. Atualmente, o uso crônico dos medicamentos convencionais disponíveis tem elevado custo e podem desencadear efeitos colaterais indesejáveis. Nesse contexto, a P. aculeata é uma planta da família Fabaceae, que desperta a curiosidade da comunidade científica como possibilidade de tratamento alternativo das condições associadas ao excesso de peso, já sendo utilizada empiricamente pela população como estratégia de controle de dislipidemias e diabetes. O objetivo deste trabalho foi avaliar se o extrato hidroalcoólico de P. aculeata possui efeito residual capaz de melhorar o perfil murinométrico e inflamatório hepático de ratas submetidas a uma dieta ocidentalizada. Nesse ensaio pré-clínico, foram utilizadas 16 ratas Wistar, alimentadas dieta ocidentalizada hipercalórica e hiperlipídica para indução do excesso de peso, iniciada após o desmame aos 21 dias. Após 8 semanas de indução, a amostra foi subdividida em dois grupos com 8 animais cada, em grupo não-tratado (O) com veículo 1,5 ml/kg, e grupo tratado (OP) com o extrato hidroalcoólico de P. aculeata 140 mg/kg, administrados via gavagem durante 30 dias. A administração cessou uma semana antes da eutanásia, por guilhotina. Foram avaliados dados de ingestão alimentar e contribuição energética de macronutriente, dados murinométricos (peso, circunferências torácica e abdominal), e dados relativos ao perfil inflamatório e histológico hepático (peso do fígado absoluto e relativo, mieloperoxidase - MPO, quantitativo de lipídios hepáticos e histomicrografia hepática). A significância utilizada foi p <0,05. Como resultado, não foi constatada diferença nos dados relacionados à ingestão alimentar e murinométricos, mas o peso relativo do fígado (O = 2,67 ± 0,23; OP = 2,43 ± 0,13; p = 0,0241) e quantitativo de lipídeos hepáticos (O = 9,77 ± 2,02; OP = 7,83 ± 0,58; p = 0,0483) tiveram uma redução no grupo tratado (OP). Além disso, a histologia demonstrou diminuição do infiltrado lipídico no grupo OP em comparação com o O. A MPO não demonstrou diferença entre grupos. Dessa forma, foi possível verificar que a P. aculeata possui efeito residual benéfico capaz de atenuar parâmetros inflamatórios hepáticos causados pela dieta ocidentalizada, mesmo na continuidade de seu consumo.