Intervenção nutricional na seletividade alimentar em crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão integrativa

Abstract

A seletividade alimentar (SA) é um dos problemas alimentares mais comuns em crianças autistas, caracterizando-se por recusa alimentar, pouco apetite e falta de interesse pelo alimento. Consequentemente, a SA repercute negativamente no estado nutricional dessas crianças, causando inadequações nutricionais e prejudicando o desenvolvimento adequado e saudável. Desta forma, é importante que haja a atuação do nutricionista na intervenção, buscando reduzir a recusa alimentar e aumentar a variedade alimentar de crianças autistas, a fim de promover saúde e melhor qualidade de vida. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo descrever as intervenções nutricionais utilizadas para tratar SA em crianças com TEA e analisar a existência de um método mais eficaz reduzir a SA nessa população. Para isto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura por meio da seleção de artigos originais, publicados nos últimos 10 anos, encontrados na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) utilizando os descritores “autism”, “food fussiness”, “food and nutrition education”, “children”, “feeding behavior” e “behavioral therapy”, além do operador booleano “AND” para conectá-los. Como resultado, 11 artigos foram considerados elegíveis para a revisão. A partir da análise dos estudos, observou-se que as principais intervenções encontradas na literatura abordavam o treinamento e a educação de pais e cuidadores, a educação alimentar e nutricional e abordagens comportamentais. Foi possível identificar que programas que utilizavam um currículo estruturado nas três abordagens foram eficazes em reduzir a SA em crianças com TEA, além de serem bem avaliados pelos pais. Ademais, intervenções comportamentais também foram objetos de estudos de forma individual, com achados controversos quanto à sua eficácia. A partir dos estudos analisados, destaca-se a influência de programas com abordagens multidisciplinares, no tratamento da SA de crianças autistas, no entanto, dada às limitações dos estudos disponíveis na literatura e à necessidade do desenvolvimento de novos trabalhos, não foi possível identificar a existência de um método mais eficaz.