Envelhecimento e gestão da idade nas organizações : um estudo de múltiplos casos no Poder Executivo do estado de Pernambuco

Abstract

O mundo está no centro de um processo único e irreversível de transição demográfica, cuja tendência de revolução da longevidade irá resultar no incremento da população mundial agregada e no aumento, significativo, da proporção das pessoas mais velhas. Tal fenômeno representa um desafio para os formuladores de políticas públicas e para o próprio mercado de trabalho nas organizações públicas e privadas. A partir dessa problemática, levanta-se a seguinte questão: se e de que maneira o envelhecimento da força de trabalho tem sido considerado nas políticas e práticas de gestão de pessoas das organizações do poder executivo do estado de Pernambuco? A contribuição da discussão desenvolvida neste trabalho está em lançar luz à questão do envelhecimento da força de trabalho e do papel das organizações no enfrentamento dos dilemas e desafios surgidos, com destaque para o ageísmo, hoje invisibilizados nos estudos em Administração. A alternativa para essa gestão predominantemente focada nos trabalhadores jovens é o conceito de gestão de idade (age management), entendida aqui como uma abordagem que possibilita o combate às barreiras e ageísmo na construção de ambientes mais inclusivos e agregadores da diversidade etária presente na sociedade mediante uma melhor integração de indivíduos de todas as faixas etárias. Dessa forma, neste trabalho, tem-se como objetivo geral: Compreender, a partir da perspectiva dos trabalhadores e da gestão, se e de que maneira o envelhecimento da força de trabalho tem sido considerado nas políticas e práticas de gestão de pessoas das organizações do poder executivo do estado de Pernambuco. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa de abordagem qualitativa de natureza descritivo-analítica, na qual se adotou como estratégia um estudo de múltiplos casos em organizações públicas do estado de Pernambuco, além de coleta de dados secundários – documentos – e primários – entrevistas semiestruturadas com gestores de pessoas e trabalhadores envelhecidos. O conjunto de dados oriundos de documentos e transcrições das entrevistas foi analisado por meio da técnica de análise do conteúdo, a partir das dimensões de gestão da idade, previstas no trabalho de Boehm, Schroder e Kunze (2013). Os principais resultados apontam para a existência de políticas e práticas que podem ser entendidas como gestão da idade, no entanto, não de maneira estruturada pela gestão de pessoas das organizações. De maneira geral, os dados demonstram que as necessidades dos trabalhadores mais velhos não vêm sendo consideradas, mesmo nas organizações em que o quadro de trabalhadores é, predominantemente, envelhecido. Dessa forma, conclui-se que, embora as políticas e práticas de gestão da idade não obedeçam a uma padronização, as suas aplicações devem se adequar às necessidades de cada ambiente organizacional, as quais se tornam essenciais para que se rompa com as barreiras relacionadas à idade dos trabalhadores e ao ageísmo.