Diversidade de fungos conidiais associados ao folhedo terrestre em um fragmento de Mata Atlântica na Estação Ecológica do Tapacurá, Pernambuco, Brasil

Abstract

A Mata Atlântica é um dos 25 hotspots mundiais de biodiversidade e possui grandes taxas de desflorestamento causando altos níveis de fragmentação das florestas, devido às atividades extrativistas para a formação de áreas urbanizadas. Entre os grupos responsáveis por decompor a matéria orgânica de diversos substratos estão os fungos conidiais, pertencentes ao filo Ascomycota, que possuem grande importância na ciclagem de nutrientes, ocorrendo em abundância na serapilheira. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi determinar a ocorrência e diversidade de hifomicetos na Mata do Alto da Buchada na Estação Ecológica do Tapacurá no município de São Lourenço da Mata para contribuir com o conhecimento sobre a diversidade de fungos conidiais em folhedo terrestre em fragmentos de Mata Atlântica no Nordeste Brasileiro. O estudo foi dividido em dois anos (Ano I e Ano II), sendo realizado quatro expedições entre os períodos secos e chuvosos, entre setembro de 2021 e junho de 2023. Em cada ano foram selecionados quatro pontos de coleta escolhidos ao longo da margem do reservatório Tapacurá, o folhedo foi armazenado em sacos plásticos identificados e levados para o Laboratório de Hifomicetos de Folhedo do Departamento de Micologia da UFPE, onde as folhas foram lavadas, cortadas em pequenos fragmentos, incubadas em placas de Petri e armazenadas em câmara úmida para análise em até 60 dias. Foram identificados 59 táxons ao final dos dois anos de estudo, com identificação de 59 táxons, em que no Ano I foram identificados 22 táxons (12 espécies, 8 gêneros e 2 morfotipos) e no Ano II foram identificados 45 táxons (19 espécies, 18 gêneros e 8 morfotipos). Os táxons mais abundantes ao final das expedições foram Gyrothrix circinata, Mycoleptodiscus sp., Phaeoisaria infrafertilis, Volutella ciliata, e Wiesneriomyces laurinus. Foram registradas três novas ocorrências para a América do sul e três para o estado de Pernambuco. Ao final das coletas do Ano II prevaleceram os táxons raros. A curva do coletor evidenciou que não foi possível mensurar a riqueza total da área, não atingindo a assíntota. Os resultados dos índices ecológicos para o Ano II mostraram que houve diferença significativa entre a riqueza, ocorrência e diversidade entre as coletas. Os dois primeiros componentes principais (PCA) conseguiram explicar 92,5% da variação dos dados. Observou-se uma forte correlação positiva entre a pluviosidade média mensal com a frequência de ocorrência dos fungos conidiais, e uma correlação forte e negativa entre a temperatura do solo e a temperatura do ar relacionadas com a ocorrência dos fungos. Por meio das análises estatísticas e levantamento taxonômico, foi observado uma grande diversidade de fungos conidiais presentes no folhedo terrestre na área estudada, mostrando que deve ser ampliado o número de estudos realizados em remanescentes de Mata Atlântica ainda não avaliados, para auxiliar na ampliação do conhecimento dos fungos.