Características das águas de poços rasos nas margens do Rio Capibaribe na planície de Recife

Abstract

O aumento no consumo de produtos químicos, motivado pelo crescimento populacional e processos como a industrialização e urbanização, tem gerado grande preocupação com relação à poluição dos corpos hídricos, pois ocasiona a maior geração de efluentes ricos em diversos tipos de contaminantes, alguns apresentando difícil remoção. Tais contaminantes estão presentes nos corpos hídricos devido ao descarte inadequado de resíduos sólidos e pela baixa eficiência dos processos convencionais realizados pelas Estações de Tratamento de Água, podendo comprometer a qualidade do abastecimento de água da população e prejudicar os ecossistemas aquáticos. Nesse sentido, torna-se cada vez mais necessário a utilização de processos alternativos de tratamento que sejam eficazes na remoção de diferentes tipos de contaminantes. Assim, surge a Filtração em Margem (FM), como uma técnica natural de tratamento, de baixo custo e fácil utilização. A partir dessa problemática, o presente estudo teve como objetivo monitorar a qualidade da água de poços rasos e analisar a interação rio-aquífero em um trecho das margens do rio Capibaribe, Região Metropolitana de Recife. Foram realizadas três campanhas de amostragem durante os meses de dezembro de 2022, janeiro e fevereiro de 2023 em cinco diferentes pontos ao longo do rio Capibaribe. A fim de verificar a qualidade dos poços rasos em relação à qualidade da água do rio, foram realizadas análises físicas, químicas e biológicas das amostras de água superficial do rio Capibaribe e dos poços rasos localizados ao longo de sua margem. Após a análise dos dados, foram obtidos resultados satisfatórios, pois as amostras dos poços rasos apresentaram uma melhora significativa em comparação às águas do rio Capibaribe para a grande maioria dos parâmetros. Além disso, nas amostras dos poços rasos, os parâmetros pH, nitrito, nitrato, cloretos e sólidos totais dissolvidos apresentaram valores dentro da faixa permitida pela Norma brasileira de potabilidade. Os níveis de oxigênio dissolvido aumentaram entre as amostras do rio e dos poços, o que não era esperado de acordo com outras pesquisas sobre o assunto. Com relação às análises biológicas, para o parâmetro clorofila a houve uma redução significativa nas amostras dos poços, havendo remoção total em 30% das amostras e apresentando uma taxa de redução acima de 94,3% para todos os pontos analisados. Com relação aos coliformes termotolerantes, verificou-se uma remoção significativa entre os valores encontrados no rio e nos poços rasos, apresentando uma redução em torno de 96,6% e 99,9%. Não foi verificada influência da distância entre os poços e o rio nos resultados obtidos, sendo necessária uma investigação mais profunda e por um período maior de tempo sobre essa variável. Portanto, é possível concluir que a utilização da técnica de FM como tratamento preliminar de água ao longo das margens do rio Capibaribe é possível, necessitando apenas de alguns cuidados e processos adicionais, considerando o alto índice de poluição encontrada no rio.