Jejum intermitente e comportamento de ansiedade e memória: um estudo experimental em ratos Wistar jovens

Abstract

O Jejum Intermitente (JI) é uma estratégia milenar de caráter religioso e científico, que consiste em períodos intercalados de ingestão Ad Libitum e momentos de privação alimentar, e tem ganhado a atenção acadêmica devido aos seus possíveis efeitos sobre a perda ponderal e otimização metabólica. No entanto, pouco tem sido estudado sobre seus efeitos no sistema nervoso central. Acredita-se que o JI possa contribuir para a potencialização de parâmetros cognitivos e comportamentais, de modo a favorecer a síntese de proteínas neuroprotetoras e melhorar os mecanismos envolvidos nos processos de ansiedade e memória. Este estudo propôs investigar os impactos do JI sobre os comportamentos de ansiedade e memória de 37 ratos animais (ratos Wistar). Os animais foram divididos em grupo Controle (Ad Libitum), grupo JI 24h e grupo JI 16h, sendo os dois últimos grupos citados submetidos ao jejum em dias alternados, com duração de 24h/dia e 16h/dia, respectivamente. O JI teve início após o desmame, quando os animais tinham idade aproximada de 24 dias e durou até o 80° dia de vida dos ratos, com aferição do consumo e peso corporal a cada 2-3 dias, do início ao fim do jejum. Os testes de Campo Aberto, Reconhecimento de objetos e Labirinto em Cruz Elevado foram realizados quando os ratos tinham idade aproximada de 85 dias. No que se refere ao consumo de ração e ganho de peso, ambos os grupos apresentaram resultados semelhantes. Foram observadas diferenças significativas no número de entradas no centro e tempo gasto no centro, no teste de Campo Aberto pelos grupos submetidos ao JI em comparação ao grupo Controle, sendo demonstrada maior existência do comportamento de ansiedade nos animais com privação alimentar. De modo semelhante, no teste do Labirinto em Cruz Elevado, foi constatado menor número de entradas e menor tempo gasto nos braços abertos nos animais participantes do JI, indicando maior presença do comportamento ansioso. Nos testes referentes à memória, os animais do grupo jejum sinalizaram menor frequência de índices de discriminação positivos, sugerindo que esses animais manifestaram menos capacidade de memorização, quando comparados aos dos grupos controle. Os resultados indicam que o JI não somente propiciou maior incidência do comportamento de ansiedade e menor capacidade de memorização, como também não foi eficiente na diminuição significativa do consumo de ração a longo prazo e peso corporal, contrastando com os possíveis efeitos apontados na literatura, para animais adultos.