Efeito da perturbação antrópica, mudanças climáticas e dinâmica de regeneração sobre a biomassa e nutrientes de raízes da caatinga

Abstract

A redução de biomassa e nutrientes, como carbono (C), nitrogênio (N) e fósforo (P), em flo- restas tropicais sazonalmente secas (FTSS) agravam mudanças climáticas. A biomassa vegetal é um importante indicador de efeitos de impactos antropogênicos. Apesar de ser pouco estu- dada, a biomassa de raízes é representativa em FTSS, onde há investimento no incremento de raízes como estratégia de sobrevivência. Contudo, esses sumidouros de C, que também acu- mulam e nutrientes importantes, têm sido afetados pelas perturbações antrópicas. Então bus- camos entender como perturbação antrópica crônica, regeneração natural e redução da preci- pitação afetam a biomassa vegetal abaixo do solo e o seu conteúdo de nutrientes na Caatinga. Assim, o primeiro objetivo deste estudo é compreender como mudanças climáticas e pertur- bações antrópicas que não causam perda de habitat influenciam biomassa e nutrientes das raízes, enquanto no segundo capítulo entender como áreas em regeneração natural e que so- freram corte raso da vegetação recupera a biomassa e os nutrientes das raízes. O Parque Naci- onal do Catimbau, foi a área da Caatinga no Brasil selecionada para o estudo. No 1° capítulo, selecionei 11 parcelas (0,1 ha) de floresta madura e no 2°, 12 parcelas em uma cronossequên- cia de regeneração natural da floresta (entre 10 a 76 anos). Em cada uma parcela foram esca- vadas três trincheiras (0,7 x 0,7 x 1,0 m). As amostras de solo foram peneiradas, secas, sepa- radas em 3 categorias de raízes (finas, medianas e grossas), pesadas e por fim, foram analisa- das as concentrações de nutrientes (N, C e P). O primeiro capítulo apontou biomassa de raízes 14.6±9.2 Mg ha-1. A razão raiz/parte aérea (R/PA) foi de 0.28±0.16. A biomassa de raízes variou significativamente entre as parcelas (p < 0,05) e a distribuição radicular variou por classe de tamanho e profundidade do solo, predominando na superfície. A concentração de nutrientes para raízes finas (g kg-1) foi 17.12±3.9 (N), 373.9±71.9 (C) e 0.38±0.08 (P) e para raízes medianas/grossas 14.61±6.4 (N), 358.87±98.5 (C) e 0.29±0.1 (P). Estoques de nutrien- tes não variaram. A precipitação e a profundidade do solo afetaram mais a biomassa das raí- zes. Para floresta secundária (2° capítulo), a biomassa abaixo do solo foi de 8.34±4.7 Mg ha- 1, e R/PA 0.08±0.08. A concentração de nutrientes (g kg-1) foi 12.49±3.7 (N), 333.61±68 (C) e 0.34±0.06 (P) em raízes finas e 11.71±2.6 (N), 307.43±75 (C) e 0.4±0.28 (P) em raízes me- dianas e grossas. Houve variação entre os povoamentos de floresta seca em regeneração em relação às raízes de pequeno porte (p < 0,05). A biomassa radicular não diferiu significativa- mente para as classes de tamanho de raízes e predominou nas camadas superficiais do solo (50 cm). De modo geral, efeitos de PAC, precipitação e profundidade do solo foram percebi- dos para a biomassa de pelo menos uma das categorias de raízes e biomassa total enquanto os nutrientes N e C responderam aos dois primeiros preditores (PAC e precipitação pluviométri- ca). A degradação florestal e a alteração dos regimes pluviométricos, devem interferir direta- mente na capacidade da Caatinga em sequestrar C e manter sua biomassa e nutrientes essenci- ais.