(In) Sustentabilidade ambiental das indústrias de cerâmicas vermelhas em Pernambuco

Abstract

Os materiais provenientes das indústrias de cerâmicas vermelhas são a base para a construção civil no Brasil, primordialmente, utilizadas nas moradias de interesse social. Contudo, se não respeitarem a legislação ambiental existente nesta atividade podem gerar graves impactos ao meio ambiente e à sociedade. Nesse sentido, esta pesquisa busca analisar a (in)sustentabilidade ambiental da produção ceramista em Pernambuco, especificamente, na região da bacia hidrográfica do baixo Capibaribe. Para a investigação, foram efetuados o desenvolvimento de indicadores de (in)sustentabilidade ambiental por meio da percepção dos empresários, trabalhadores, moradores adjacentes aos problemas gerados pelo segmento, sindicatos, associações e autoridades competentes, além da medição de poluentes atmosféricos, sonoros e da erosão do solo. Realizou-se, posteriormente, a identificação dos impactos da insustentabilidade no meio ambiente. Por intermédio do levantamento de literatura e pesquisa de campo, assim como aplicação de uma matriz de interação e o mapeamento tanto dos empreendimentos quanto das áreas onde ocorrem as degradações. Em seguida, fez-se a averiguação dos conflitos ambientais e da governança ambiental existentes, ou não, na atividade ceramista, a partir dos resultados obtidos com as entrevistas e a visita de campo para a realização da análise de constelação. Por fim, foram feitas sugestões de ações que visem ao desenvolvimento com sustentabilidade do referido setor. Como resultados, os indicadores apontaram a prevalência da insustentabilidade, posto que apenas dois foram considerados sustentáveis, ambos ligados à geração de renda e empregabilidade nas comunidades em que os empreendimentos estão situados. No que tange à dimensão natural, esta atingiu o índice de 0,2, enquanto a socioeconômica 0,4 e a político-institucional 0,3. Referente ao índice geral, teve-se 0,3. Este cenário causa uma série de consequências que fragilizam os lugares por modificar as condições socioambientais. Conclui-se que os processos de governança se configuram como inexistentes, em função dos princípios norteadores do modo capitalista de produção em que as indústrias de cerâmicas vermelhas estão inseridas, proporcionando a insustentabilidade, posto que a busca de lucro é o objetivo dos empresários lançando para o segundo plano as questões socioambientais, que apenas passam a ser atendidas com a pressão social, sobre o poder público a partir do quadro regulatório.