Avaliação do uso da água e do solo no entorno do Reservatório Pirapama para garantia hídrica da população da Região Metropolitana do Recife

Abstract

A Bacia Hidrográfica do Rio Pirapama passou por um processo de urbanização acelerada e desordenada após a criação do Distrito Industrial no município do Cabo nos anos 1960 e da construção do Porto de Suape na década de 70. Com o intuito de alavancar a economia local, do Estado e da Região Nordeste e atraindo um contingente populacional para os municípios adjacentes, estes empreendimentos aumentaram a demanda pelos recursos naturais, e gerando diversas alterações na bacia. O objetivo deste estudo é avaliar o uso da água e do solo no entorno do reservatório Pirapama para garantia hídrica da população da Região Metropolitana do Recife de forma a propor medidas de gestão e uso sustentável da água. Para fazer a caracterização da qualidade da água do reservatório Pirapama foram escolhidos os indicadores Índice de Qualidade de Água (IQA) e Índice de Estado Trófico (IET) que foram calculados a partir dos parâmetros fósforo total, coliformes totais, oxigênio dissolvido, pH, nitrogênio total, turbidez, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20), sólidos totais e clorofila- a entre 15.03.2017 a 02.10.2019. A água bruta no entorno do reservatório Pirapama variou entre boa e ótima qualidade, com destaque para os anos de 2018 e 2019 que apresentaram amostras com IQA acima de 80 e obtiveram classificação constante de ótima qualidade. Os dados analisados apresentaram valores de IET variando entre 57 e 48 unidades de IET apresentando- se como Mesotrófico, com exceção de um pequeno período entre os meses de novembro e dezembro de 2017 em que o corpo hídrico foi classificado como Oligotrófico. A Bacia do Pirapama possui forte tendência à produção de sedimentos, favorecendo o assoreamento. Embora a qualidade de água do reservatório Pirapama no geral seja boa durante o período de estudo, a avaliação integrada aponta a deficiência de saneamento básico, o lançamento de efluentes industriais sem tratamento adequado, o descarte de resíduos sólidos sem tratamento, e o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos decorrentes da cultura temporária da cana-de- açúcar e da policultura, comprometendo a qualidade da água da bacia em alguns locais.