Vila dos Comerciários (Recife-PE) frente à destruição criativa do seu entorno

Abstract

O ciclo de reprodução do capital imobiliário está ancorado na disponibilidade de linhas de crédito para redução do tempo de circulação e produção da mercadoria-habitação e oferta de solo urbanizado. Com isso, frente a baixa oferta do solo urbanizado, a indústria imobiliária se utiliza da destruição criativa para a manutenção do caráter evolucionário da acumulação capitalista. Dessa forma, os antigos tipos arquitetônicos, com alta qualidade ambiental, são paulatinamente substituídos. A criação do Banco Nacional da Habitação, na década de 1960, e as normativas urbanísticas que favoreciam a ocupação intensa do solo, implicaram no processo de destruição criativa na cidade do Recife. Neste processo, chamaram atenção os bairros de Aflitos, Apipucos, Casa Forte, Derby, Espinheiro, Graças, Jaqueira, Monteiro, Parnamirim, Poço da Panela, Santana e Tamarineira. Tais bairros compuseram o polígono da Lei dos 12 Bairros, que levando em consideração as infraestruturas urbanas e os aspectos naturais, restringiu os parâmetros urbanísticos nesses bairros. Contudo, o bairro da Tamarineira chama atenção, nele está inserido o conjunto da Vila dos Comerciários. Edificado em 1942, é um conjunto de habitação popular, o primeiro modelo de cidade-jardim do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC). A arquitetura racional do conjunto resiste em meio à destruição criativa que atinge o entorno, o bairro da Tamarineira. Assim, o presente trabalho tem como objetivo o de historiografar e diagnosticar a Vila dos Comerciários, a fim de registrar e analisar as mudanças ocorridas nesse conjunto habitacional e as transformações espaciais no seu entorno, para assim, subsidiar a instituição de ferramentas que promovam a preservação deste conjunto. Para isso, foram realizadas vistorias em campo e entrevistas para entender o posicionamento dos moradores do conjunto frente às mudanças no entorno. Foi percebido a preservação de elementos essenciais para a leitura do conjunto, além da permanência da Vila como um conjunto de habitação popular, em meio às altas rendas domiciliares do bairro.