Perfil populacional de mulheres submetidas a fertilização in vitro

Abstract

A infertilidade humana tem se tornado um problema frequente, e está relacionada ao adiamento da maternidade – um aspecto comum da sociedade atual – causado por questões fisiológicas nas mulheres ou em seus parceiros. Em contrapartida, ao longo dos últimos anos as áreas de estudo ligadas à reprodução assistida têm desenvolvido diversos protocolos e técnicas médicas para tornar viável a gravidez humana mesmo em condições pouco favoráveis. Nesse cenário, este trabalho trata-se de um estudo de caráter descritivo qualitativo, que visa descrever o perfil sociodemográfico, dificuldades e taxa de sucesso do tratamento de um grupo de mulheres da região Nordeste do Brasil que se submeteram à Fertilização in Vitro (FIV). Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE, 44 mulheres nordestinas participantes de um grupo de trocas de experiências sobre FIV, aceitaram o convite para participar da pesquisa via formulário virtual. A maioria das mulheres que se submeteram à FIV eram do estado de Pernambuco, estavam na faixa etária de 36 a 50 anos de idade, eram casadas, de raça branca e 75% delas possuíam nível de escolaridade superior. Predominantemente, essas mulheres possuíam renda familiar mensal entre 4 a 6 salários mínimos e atuavam como autônomas ou funcionárias públicas. A maior parte das entrevistadas estavam há mais de um ano tentando engravidar e as principais causas que as levaram a recorrer à FIV foram obstrução das tubas uterinas e endometriose. Chegaram a este método através de pesquisas na internet ou por indicação médica, e obtiveram uma taxa de êxito, ou seja, confirmação de gravidez, em torno de 57,8%. Ressalta-se itens da pesquisa relacionados às complicações ou efeitos colaterais: 88,6% relataram impactos psicológicos advindos do processo da FIV e 77,3% relacionaram efeitos físicos decorrentes à fase da estimulação ovariana, indicando o desconforto abdominal como o mais recorrente (40,9%). Evidenciou-se que apesar do benefício em proporcionar a gravidez, a FIV pode causar complicações à saúde física e mental da mulher que submete-se ao tratamento, desde incômodos leves a casos mais graves como os relacionados à síndrome de estimulação ovariana. Além disso, o planejamento familiar tardio afeta o sucesso da fertilização, devido a diminuição na qualidade reprodutiva das mulheres em idade avançada. Conclui-se que a FIV apresentou uma taxa de sucesso abaixo das expectativas mediante o alto investimento financeiro e físico-mental em que as mulheres são submetidas no procedimento.