Avaliação de variáveis clínicas e socioeconômicas da DTM : emprego de modelos multivariados

Abstract

A disfunção temporomandibular (DTM) refere-se a um grupo heterogêneo de patologias que afetam o sistema estomatognático, caracterizado por dor e limitação funcional da articulação temporomandibular (ATM), bem como dos músculos da mastigação e estruturas relacionadas. Com o objetivo de traçar o perfil epidemiológico da DTM e as variáveis clínicas e socioeconômicas que estão associadas a ela, foi proposto dois modelos estatísticos distintos de acordo com as variáveis preditoras. Os dados utilizados nessa pesquisa foram provenientes de um estudo transversal para medir a prevalência da DTM na cidade de Recife. A amostra para o estudo transversal foi constituída por indivíduos sorteados dentre aqueles que procuraram por atendimento médico ou odontológico em 59 Unidades de Saúde da Família sorteadas, localizadas em todos os Distritos Sanitários da cidade do Recife. Todos os indivíduos que aceitaram participar foram examinados utilizando-se os Critérios de Diagnóstico em Pesquisa para Disfunções Temporomandibulares (RDC/TMD – Eixos I e II), os quais avaliaram as questões clínicas e os aspectos psicossociais. O Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) foi utilizado para avaliar o nível socioeconômico. Primeiramente o modelo multinível hierárquico em dois níveis, individual (sexo, classe social) e microrregião (IDH) foram realizados e todos os coeficientes foram estatisticamente significativos (p<0,05) e demonstram que as que mulheres têm 59% a mais de chance de ter DTM; indivíduos de classe alta têm 66% a mais de chance de ter DTM em relação aos indivíduos de classe mais baixa e; indivíduos residentes em microrregiões com IDH alto têm 75% a mais de chance de ter DTM. Através do Modelo de Equações Estruturais (MEE) observou-se uma associação direta forte da DTM com estalos, com um coeficiente padronizado robusto, CP = 0,600. Todas as análises demonstram a multifatoriedade da DTM e a importância da abordagem multidisciplinar levando em consideração os aspectos biopsiquicossociais da doença.