Estratégias para biorremediação de compostos nitro e cloroaromáticos de site contaminado

Abstract

Compostos nitro e cloroaromáticos são intermediários na produção de corantes, produtos farmacêuticos, herbicidas, cosméticos e explosivos. Por serem xenobióticos, são tóxicos, mutagênicos e carcinogênicos. No Brasil, há relatos de contaminação ambiental por esses poluentes, sendo assim, a biorremediação é ferramenta estratégica para a proteção ambiental. Nesse sentido, foram avaliadas estratégias para biorremediação de um local contaminando por esses compostos. O experimento foi dividido em 3 blocos de atividades. No primeiro, foi monitorada a concentração dos contaminantes na água subterrânea após a aplicação de um sistema piloto de biosparging, como também a mudança da população microbiana e a quantificação por NMP. Os resultados mostraram que a técnica funcionou muito bem, removendo até 99% dos contaminantes orgânicos. Além disso, estimulou o crescimento da população microbiana, passando de 103 para 106 NMP.L-1, e o ambiente passou a ser dominado por arqueas aeróbias. O gênero mais abundante foi Candidatus Nitrosotalea, que está diretamente relacionada com a oxidação de amônia em ambiente ácido. No segundo bloco se avaliou a capacidade de microrganismos nativos degradar aerobiamente os principais contaminantes presentes nas águas subterrâneas do local, através do enriquecimento dessas culturas em laboratório, bem como a identificação dos microrganismos envolvidos no processo. Todos os contaminantes testados (2-; 3-; e 4-CA, 2,3-; e 3,4-DCA, MCB, 1,2-DCB, 2-; 3-; e 4- CNB, 2,3-; e 3,4-DCNB e 4-NC) foram degradados, indicando que a população nativa é capaz de metabolizar os poluentes orgânicos. Os principais gêneros encontrados foram Diaphorobacter, Sediminibacterium, Cupriavidus, Burkholderia e Pseudomonas, todos envolvidos em degradação aeróbia de compostos aromáticos. O principal achado deste trabalho foi obter cultura que degrada 4-NC, jamais reportado em literatura. O terceiro bloco de atividade incluiu bioestimulação e bioaumentação para a biodegradação em solo, em escala laboratorial. O pH alcalino não foi fator limitante. Já a umidade precisou ser ajustada para valores entre 15% e 25% para suportar o processo de biodegradação. Uma cultura cultivada em laboratório e solo tratado foram utilizados como inóculo para tratar solo contaminado. Os resultados foram promissores e dão embasamento para o desenvolvimento de testes de biorremediação de solo no local contaminado.