Efeitos da suplementação de vitamina D no tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos e sua correlação com marcadores de estresse oxidativo

Abstract

O estresse oxidativo (EO) parece estar relacionado à patogênese da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), referida como uma das causas mais comuns de infertilidade em mulheres em idade reprodutiva (entre 18 e 40 anos), que está associada a um risco aumentado de alterações metabólicas e endócrinas significativas. O diagnóstico é baseado na ocorrência de três sintomas relacionados: oligoovulação ou anovulação crônica, hiperandrogenismo clínico e/ou bioquímico e presença de ovários policísticos na ultrassonografia, que requerem uma abordagem terapêutica adequada. Baseadas na anormalidade de marcadores oxidantes em pacientes com SOP, estratégias terapêuticas antioxidantes têm se tornado alvo de pesquisas, notadamente, o uso da vitamina D com foco no restabelecimento da foliculogênese normal e manutenção da homeostase redox, uma vez que baixos níveis de vitamina D estão associados à um desequilíbrio oxidativo e consequente prognóstico desfavorável para as pacientes. Uma revisão sistemática foi realizada via PubMed e LILACS para identificar publicações relevantes em inglês, entre 2017 e 2022, incluindo os seguintes descritores: “Polycystic ovary syndrome”, “oxidative stress”, “reactive oxygen species", "free radicals", “antioxidant”, e “vitamin D”. Foram selecionados estudos que avaliaram o efeito da suplementação de vitamina D (isolada ou co-suplementada), com foco nos marcadores de EO, em pacientes com SOP, com objetivo de identificar o impacto do EO no bem estar e evolução clínica das pacientes, realizar projeção dos benefícios da terapia antioxidante a partir da suplementação com a Vitamina D e fornecer subsídios para uma nova perspectiva de tratamento na SOP. Foram excluídos os estudos não relevantes para a proposta da revisão e que não apresentaram dados disponíveis para análise e critérios diagnósticos adequados sobre a SOP. Sete estudos preencheram os critérios de inclusão. Destes, seis relataram uma diminuição significativa dos níveis de MDA e aumento dos níveis séricos de TAC e GSH após o tratamento com vitamina D em mulheres com SOP, demonstrando efeito protetor contra o EO. Apenas um estudo relatou que os níveis de biomarcadores oxidantes não se alteraram após terapia combinada de vitamina D e vitamina E, em pacientes com SOP submetidas a fertilização in vitro, processo que naturalmente induz perturbação no equilíbrio redox. Assim, evidências sugerem que a aplicação precoce da terapia com vitamina D pode influenciar, além dos marcadores oxidativos MDA, TAC e GSH, os níveis séricos de insulina, testosterona total, FAI, HOMA-IR e hirsutismo, demonstrando a correlação da vitamina D com diminuição do EO, influenciando nas consequências metabólicas e endócrinas geradas pela síndrome. No entanto, investigações prospectivas maiores e mais detalhadas são necessárias para melhor entendimento dos efeitos da vitamina D no resgate dos danos causados pelo EO em mulheres com SOP.