A arteterapia como intervenção na promoção da qualidade de vida da pessoa idosa

Abstract

O aumento da população idosa no Brasil não está associado à melhoria da qualidade de vida, estando uma parcela das pessoas idosas inseridas em ambientes de pobreza e de desigualdades sociais. Dessa forma, ações de saúde que visem a promoção do cuidado integral são necessárias para garantir um envelhecimento saudável. Nesse sentido, a Arteterapia é um recurso terapêutico que visa a promoção da qualidade de vida da pessoa idosa. Esta tese teve como objetivo avaliar os efeitos da intervenção em Arteterapia na promoção da qualidade de vida da pessoa idosa. Trata-se de um estudo quase experimental com abordagem quantitativa e qualitativa, realizado no Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade Federal de Pernambuco. Na coleta dos dados quantitativos, foi utilizado o WHOQOL-BREF, aplicado antes e após as intervenções em Arteterapia. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva e inferencial. Realizou-se o cálculo dos escores dos quatros domínios do WHOQOL-BREF para cada pessoa idosa, antes e após as intervenções, bem como foram calculadas suas médias e seus desvios padrões. Para testar a normalidade da distribuição dos escores, utilizaram-se os testes Kolmogrov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Na comparação das médias dos escores da qualidade de vida, utilizou-se o teste t dependente. Na coleta dos dados qualitativos, foram organizados 16 grupos focais por meio de intervenções em Arteterapia, através da observação direta participante. As histórias de vida foram coletadas através das imagens simbólicas produzidas e da autorreflexão de cada pessoa idosa. O material produzido foi fotografado, gravado em áudio e em vídeo, transcritos e analisados por meio do Discurso do Sujeito Coletivo. Os resultados quanto ao perfil socioeconômico mostram que: 85,7% eram mulheres idosas, a idade média dos participantes foi de 69,1 anos, 50,0% possuíam renda mensal de 1 salário mínimo, 71,4% tinham filhos e 78,6% residiam em casas próprias com arranjos domiciliares multigeracionais. Ao analisar o efeito da Arteterapia, em relação aos domínios da qualidade de vida, após as intervenções, observou-se aumento na avaliação de todos os domínios, destacando-se as seguintes facetas: energia suficiente para executar as atividades do dia a dia, aceitação da aparência física, grau de satisfação consigo mesmo, satisfação com as relações pessoais e oportunidades de lazer. As maiores diferenças percentuais entre as médias (antes e após as intervenções) foram notadas nos domínios Relações Sociais (9,3%) e Ambiente (6,2%). Nos resultados qualitativos, emergiram 16 ideias centrais provenientes das expressões chaves, que foram agrupadas de acordo com os quatro domínios da qualidade de vida e as suas facetas, entre estas ideias centrais estão: relação com o tempo, memórias do passado, importância da participação em grupo e relação com ambiente físico; que permitiram a construção do Discurso do Sujeito Coletivo. Assim, conclui-se que a Arteterapia contribuiu para a qualidade de vida das pessoas idosas pesquisadas, com a melhora da autoestima, da avaliação positiva da autoimagem, da interação social, com o aumento dos laços de amizades e com a diminuição do isolamento social. Logo, as vivências grupais em Arteterapia proporcionaram a cada pessoa idosa a ressignificação do seu processo de envelhecer para uma melhor qualidade de vida.