Impacto da penetração das importações na desigualdade de renda regional : evidências de um modelo CGE multirregional para o Brasil

Abstract

Nas últimas décadas, o Brasil passou por diversas e significativas mudanças econômicas, que compreendem a redemocratização do país, liberalização comercial, variações cambiais, além de estabilização macroeconômica e inflacionária, e ainda assim apresenta um dos piores padrões de distribuição de renda do mundo. Na década de 90 adotou a liberalização comercial como meio de aumentar o crescimento e o bem-estar da população, porém ainda manteve uma política de proteção elevada e generalizada, mesmo quando comparado com países em desenvolvimento, dificultando a inserção brasileira na cadeia global de valor. No Brasil é necessária uma reforma da política comercial que envolva uma extensa revisão na estrutura tarifária, sendo essencial compreender a ligação entre a liberalização do comércio e as disparidades regionais. Este estudo pretende contribuir com uma análise sobre a relação dos efeitos de simulações de políticas comerciais sobre a economia nacional brasileira e seus efeitos distribuídos regionalmente. Neste sentido, o objetivo geral do trabalho consiste em identificar e quantificar o impacto regional da liberalização do comércio dentro de uma estrutura de equilíbrio geral. Foi utilizado um modelo multirregional de Equilíbrio Geral Computável (EGC), ORANI-G, de um único país para o Brasil, para investigar sobre o efeito das importações na desigualdade regional no curto prazo, baseado em dados da matriz de insumo- produto para o ano de 2017. Especificamente, foram realizadas simulações para analisar o impacto regional e em toda a economia brasileira de reduções tarifárias gerais, bem como uma redução tarifária no setor têxtil e calçados os resultados sugerem que em ambos os cenários de reduções tarifárias, no curto prazo, a liberalização do comércio terá um impacto positivo na economia nacional, gerando aumento no emprego e na PIB real da economia nacional. No entanto, a liberalização comercial parece ter contribuído para a melhoria na distribuição de renda das regiões mais ricas do Brasil, somado com a região Norte, mas parece ter contribuído para a piora na distribuição de renda da região Nordeste.