Doenças Oportunistas Relacionadas à AIDS : Evidências para Pernambuco (2008 a 2018)

Abstract

As infecções oportunistas ainda são a principal causa de internação e morte nos pacientes que contraíram HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Isso ocorre em virtude da imunossupressão causada pela gradativa destruição do sistema imunológico, podendo ser muito grave e até mesmo fatal. No entanto, a busca pelo serviço de saúde para diagnóstico e tratamento da síndrome pelos pacientes acontece de forma tardia, assim o indivíduo costuma apresentar quadro clínico comprometido e a suscetibilidade ao surgimento das doenças oportunistas. Além disso, as desigualdades socioeconômicas aumentam as chances de não receber o tratamento, o que o leva ao óbito devido à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome – AIDS). Com isso, o objetivo do presente trabalho é analisar os fatores socioeconômicos e epidemiológicos associados à ocorrência das doenças oportunistas relacionadas à AIDS no estado de Pernambuco entre 2008 e 2018. Trata-se de um estudo do tipo descritivo, analítico, retrospectivo em base de dados secundários, disponível no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) de HIV/AIDS, no estado de Pernambuco, no período de 2008 a 2018. No estudo, a variável dependente assume valor igual a 1 se o indivíduo com HIV/AIDS apresenta alguma doença oportunista, bem como as variáveis independentes são: sexo, idade, ano do diagnóstico, local de residência, endereço, raça/cor, escolaridade, categoria de exposição, município da notificação. Para isso, o processamento computacional realizou-se por meio de software estatístico SPSS, versão 20, o qual ajudou a dividir a pesquisa em duas etapas: análise descritiva e análise estatística. Ademais, na análise multivariada, foi utilizado o modelo de regressão logística binária e a regressão de Poisson com variância robusta para investigar os fatores associados à manifestação das doenças oportunistas relacionadas à AIDS, que possui, como medida de associação, a razão de prevalência. Dessa forma, os resultados demonstraram que o perfil geral dos indivíduos notificados com HIV é semelhante ao perfil dos indivíduos com HIV que apresentaram infecção oportunista no momento da notificação. Portanto, a prevalência de doença oportunista foi de 15,2%, sendo a toxoplasmose cerebral a infecção mais frequente (8,5%). Além disso, as variáveis que tiveram fatores associados ao risco de desenvolver infecção foram jovens, com relação bi/homossexual, residentes do interior, com nível superior, com diagnóstico entre os anos de 2014 a 2018 e não-brancos; e ainda, observaram-se clusters, classificados áreas de alto risco, situados em bairros agrupados de baixa renda, com taxas de doenças oportunistas igualmente altas entre si. Diante disso, o conhecimento desses fatores ajuda a orientar mais estudos para diminuir o risco de doenças oportunistas em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) no estado de Pernambuco, além de subsidiar os tomadores de decisão, pois contribuem com determinação de prioridades na prestação da assistência à saúde e as medidas de prevenção das infecções oportunistas.