O conceito de triângulo no contexto de uma prática de ensino bilíngue para surdos: vivências com surdos do 9º ano do ensino fundamental.

Abstract

Este trabalho objetiva discutir o conceito de triângulos para estudantes Surdos dos anos finais do ensino fundamental numa perspectiva bilíngue, pois, partimos da hipótese que a perspectiva bilíngue, enquanto proposta que evidencia a Libras – que contempla a natureza visual dos Surdos no Brasil – como um caminho do ensino de matemática para os estudantes surdos, em uma escola municipal, de uma cidade do agreste de Pernambuco contando com a participação voluntária de dois estudantes Surdos. Iniciamos esse trabalho com uma perspectiva histórica da matemática (FIORENTINI; LORENZATO, 2007) explicando um pouco de suas tendências e um apanhado histórico do ensino de geometria. Posteriormente nos debruçamos um pouco sobre a história da educação de Surdos, nos baseando em McLaren (1997) e Lacerda (1998) e também na educação bilíngue para Surdos, baseando-nos em Perlin (1998), Skliar (1999) e Quadros e Shimiedt (2006) para explanar um pouco sobre esse modelo de ensino. Também trouxemos algumas possibilidades do ensino de matemática para Surdos (NOGUEIRA; MACHADO, 1996) e perspectivas bilíngue para o ensino dessa ciência (BARBOSA, 2009) como também para o eixo da geometria (ARNOLDO JR et al. 2013) A presente pesquisa recorre a metodologia de pesquisa qualitativa, do tipo exploratória e com desdobramento em um estudo de caso. Primeiramente, foi elaborado um questionário com aporte teórico na Base Nacional Curricular Comum (BRASIL,2018) e teve suas perguntas previamente videogravadas em Libras para uma maior compreensão linguística pelo surdo, sobre o assunto de triângulos com a finalidade de compreender o conhecimento dos participantes sobre tal conteúdo de geometria. Após a análise do pré-teste elaboramos uma aula para o ensino de triângulos utilizando materiais pedagógicos manipuláveis e ferramentas educacionais (Geoplano), enfim, materiais que facilmente é encontrado em sala e também é muito utilizado pelos educandos e que serviram de auxílio aos participantes da pesquisa no momento de responder as questões. Toda a aula foi videogravada para a posterior análise e transcrição. Para análise da aula nos baseamos na análise discursiva (RICHARDSON, 1999; MORAES, 2003) e para a transcrição, utilizamos os turnos de fala explicado por Marcushi (1999) em sua obra sobre a análise da conversação e, por se tratar da Libras, utilizamos conjuntamente o sistema de notação de sinais (FELIPE; MONTEIRO, 2012) dentre outros que nos ajudaram a promover uma reflexão sobre essa temática. Percebeu-se, após análise, que o aporte bilíngue durante a aula não foi suficiente para o total entendimento do assunto, uma vez que esse problema seria sanado somente com uma educação bilíngue desde a base. Entretanto foi uma experiência que evidenciou a importância desse modelo de educação bilíngue nas salas de aula onde há estudantes Surdos. Esperamos que esse trabalho contribua para educação matemática de surdos e suscite profissionais e trabalhos de outras áreas do conhecimento.