Paisagem arqueológica e pintura rupestre zoomórfica no semiárido do Nordeste brasileiro : ensaio sobre espaços persistentes mediante ocupações pré-históricas nos altos cursos dos Rios Moxotó e Paraíba

Abstract

A região do semiárido do Nordeste brasileiro é conhecida por conter concentrações de sítios arqueológicos pré-históricos com aglomerações substanciais de sítios com registros rupestres, que a tornam uma área propicia a estudos contínuos da ocupação por grupos humanos no passado. A pesquisa busca compreender os processos de ocupações pré-históricas que ocorreram nas áreas dos altos cursos dos rios Moxotó e Paraíba, quando delimitamos fronteiras estilísticas dos registros gráficos, especificamente as representações zoomórficas, e compreendê-los como marcos testemunhos sociais das práticas sociais e identitárias. Através de uma ferramenta analítica da espacialidade refletidas pelas consequências de fatores socioambientais, como aspectos dos recursos ambientais, por certos períodos, que causariam uma dispersão em área de grande extensão verificados sobre as formas culturais da ocupação humana em áreas do semiárido nordestino do Brasil. Esse espaço social é uma representação cultural, no qual é moldado ou ressignificado pelos grupos humanos em suas práticas cotidianas. À vista disso, é possível realizar relações entre os registros arqueológicos e as análises da paisagem arqueológica desses sítios, com propósitos de buscar padrões comportamentais os quais possamos compreender e que possam ser determinados espaço-temporalmente. Nosso marco territorial de atuação está localizado nos altos cursos do rio Moxotó - entre a Microrregião do Sertão do Moxotó e Microrregião do Vale do Ipanema, no estado de Pernambuco; e do rio Paraíba nos municípios de São João do Tigre e Camalaú (Microrregião do Cariri Ocidental), no estado da Paraíba. Portanto, a análise pretende materializar estruturas espaciais de sociedades pré-históricas, através dos registros rupestres, inseridos em contextos locacionais, nos quais é possível observar uma perspectiva de apropriação e interação no espaço com certos motivos de pinturas rupestres. Foi possível verificar essa produção do espaço social pela forma de ocupação espacial, entre sociedades étnicas semelhantes, que são espelho de sua organização social. E estaria associado aos aspectos de comportamento intencional que são visíveis nos padrões de assentamentos. Portanto, esses locais persistem enquanto fenômeno cultural pela recorrência do comportamento social através do espaço.