Avaliação imunoistoquímica das proteínas galectina-1 e Bcl-2 em cistos radiculares

Abstract

Embora a patogênese dos cistos radiculares (CRs) já esteja estabelecida, a função inflamatória em manter e estimular o crescimento destas lesões ainda precisa ser melhor esclarecido. A presente pesquisa avaliou a compreensão da resposta inflamatória através da expressão imunoistoquímica da galectina-1 (gal-1) e Bcl-2 em 19 CRs refratários a tratamento endodôntico e em 19 CRs presentes em dentes não submetidos a tratamento endodôntico, correlacionando-a com os parâmetros histopatológicos de intensidade de infiltrado inflamatório e padrão de revestimento epitelial. Os espécimes foram submetidos à marcação pelo método imunoistoquímico, utilizando os anticorpos anti-gal-1 e anti-Bcl-2. A análise quantitativa foi realizada pela contagem de células inflamatórias, examinando a localização citoplasmática e/ou nuclear para proteína ga-1, e para Bcl-2 a localização citoplasmática, mediante o estudo de 5 campos microscópicos com maior imunorreatividade para cada componente avaliado. A análise morfológica do revestimento epitelial revelou distribuição semelhante para os dois grupos de CRs, com prevalência do padrão de epitélio hiperplásico. Os CRs não submetidos à tratamento endodôntico exibiram, em sua maioria, o infiltrado inflamatório Grau III e os CRs refratários ao tratamento endodôntico, o infiltrado inflamatório Grau I/II. A análise dos percentuais de imunopositividade citoplasmática para gal-1 revelou expressão significativa nos CRs sem tratamento endodôntico em relação aos CRs refratários ao tratamento. Referindo-se aos aspectos histopatológicos dos CRs, foi vista diferença estatisticamente significativa apenas para os percentuais de imunoexpressão nuclear de gal-1 no revestimento epitelial das lesões. A imunoexpressão de Bcl-2 foi apresentada em todos os casos de CRs, tanto no revestimento epitelial quanto na cápsula fibrosa. No tocante às características histopatológicas dos CRs, foi identificada diferença estatisticamente significativa apenas para os percentuais de imunoexpressão de Bcl-2 na cápsula fibrosa de CRs com revestimento epitelial hiperplásico em relação aos CRs com revestimento atrófico. Apenas o grupo dos CRs refratários ao tratamento endodôntico exibiu correlação positiva entre as imunoexpressões citoplasmática e nuclear de gal-1 no revestimento epitelial. Não foi visto correlação para as imunoexpressões de gal-1 e Bcl-2 nos compartimentos teciduais (epitelial e conjuntivo) e celulares (citoplasma/núcleo) dos grupos de CRs estudados. A presença de gal-1 nos compartimentos teciduais (epitelial e conjuntivo) e celulares (citoplasma/núcleo) dos grupos de CRs estudados pode indicar sua atuação na mitigação das respostas inflamatórias não resolvidas, sugerindo a necessidade de mais estudos para a compreensão do seu papel no comportamento biológico dessas lesões. A maior imunoexpressão de Bcl-2 na cápsula fibrosa dos CRs com padrão de revestimento epitelial hiperplásico parece estar relacionada à manutenção de estímulo antigênico e consequente proliferação celular.