Presença chinesa no entorno estratégico brasileiro pós 1980 : atuação de ator extrarregional e projeção de poder via controle de recursos naturais

Abstract

Esta tese é resultado da pesquisa sobre a presença de um ator extrarregional no entorno estratégico brasileiro, especificamente a ação da China. O foco do estudo reside na promoção de uma projeção de poder através da aquisição de fontes estratégicas de recursos naturais e suas consequências na capacidade de liderança regional brasileira, bem como na possibilidade de entendimento da questão como uma ameaça à segurança nacional. O espaço geográfico de análise é a América do Sul, já que é a área de entorno de ação imediata do Brasil, além de se uma das regiões mais ricas em recursos naturais do mundo. Especialmente após os anos 1980, é uma região suscetível a acordos bilaterais que permitem a presença de atores extrarregionais no controle de fontes de recursos naturais. Para tanto, adota-se as contribuições teóricas do Realismo, o conceito de Poder Relacional e a Teoria dos Complexos Regionais de Segurança, com o estabelecimento de variáveis de poder ligadas ao controle de recursos naturais. Isso para explicar que a ação chinesa está diretamente influenciada pela necessidade de manutenção dos altos índices de desenvolvimento econômico e sua necessidade de matérias primas para atender a demanda dos setores de exploração. São esses interesses nacionais chineses que justificam a projeção chinesa no nosso entorno estratégico. Para entender esse fenômeno, analisar-se o processo de inserção do capital chinês na América do Sul, estudando também os processos de expansão de investimento ocorridos no Chile, Argentina, Peru e Venezuela. A análise qualitativa realizada permitiu confirmar a existência de um pensamento estratégico chinês que alia a necessidade de desenvolvimento econômico e as políticas de defesa nacional como processos interligados, o que amplia o arcabouço do pensamento Realista das Relações Internacionais para compreender essa estratégia geopolítica de presença extrarregional em regiões do mundo. Adota-se as técnicas de pesquisa qualitativas, com as revisões de literatura e estudo de caso, fazendo uma análise histórica e geopolítica sobre o desenvolvimento chinês desde a Ásia até a sua presença na América do Sul, seguido de leitura qualitativa para inferir interpretações com base nos dados de Investimento Estrangeiro Direto (IED) chinês, especialmente pós anos 1980. Ao final da tese, é confirmada a hipótese de que a presença chinesa no entorno estratégico brasileiro aumenta os níveis de insegurança do Brasil quanto aos reais objetivos geopolíticos chineses no controle de recursos naturais.