Avaliação da associação da saúde bucal, fatores sociodemográficos e antropométricos com coesão e adaptabilidade familiar em adolescentes

Abstract

O funcionamento familiar pode estar envolvido com comportamentos e tomadas de decisões relacionadas à saúde dos adolescentes. O objetivo foi investigar a coesão e adaptabilidade familiar percebida e sua associação com a saúde bucal, fatores sociodemográficos, de utilização de serviços odontológicos e dados antropométricos, em adolescentes. Estudo transversal com amostra calculada e randomizada de 790 adolescentes de escolas da rede pública estadual do município de Camaragibe-PE. Os adolescentes foram examinados clinicamente para avaliação da prevalência da cárie de acordo com o CPOD (Dentes cariados, perdidos e obturados), a condição periodontal, por meio da profundidade à sondagem, nível gengival e sangramento à sondagem; traumatismo dentário, má oclusão e dados antropométricos, que foi o IMC (Índice de massa corpórea) por idade e sexo. Também responderam a um questionário sobre questões sociodemográficas e utilização dos serviços de saúde bucal, além da escala FACES III (Family Adaptability and cohesion scale), para analisar o funcionamento familiar. Para análise estatística, as variáveis que apresentaram significância na análise bivariada de até 25% foram levadas para a análise multivariada e todas as conclusões foram tiradas considerando o nível de significância de 5%. A média de idade foi de 16,15 anos, 50,6% eram do sexo feminino e 46,3% se declararam pardos. Na análise bivariada, a coesão baixa foi significativa no sexo feminino (p=0,032), na baixa escolaridade do pai (p=0,044), baixa escolaridade da mãe (p=0,029), no fato de o adolescente nunca ter ido ao dentista (p=0,037) e ter gengivite (p=0,021); a alta coesão foi associada ao trauma (p=0,031) e a ausência de cárie (p=0,027). A adaptabilidade baixa foi associada à raça (preta e amarela) (p=0,034), à baixa escolaridade da mãe (p=0,041), à baixa renda (p=0,030) e ao overjet acentuado (p=0,002). E, pela análise multivariada, permaneceram associadas a coesão baixa à baixa escolaridade materna (p=0,010) e coesão alta à ausência de cárie (p=0,042); adaptabilidade baixa ao overjet acentuado (p=0,010) e a presença de cárie (p=0,038) e adaptabilidade alta aos adolescentes mais velhos (p=0,031). famílias com coesão e adaptabilidade baixas apresentaram os piores índices de saúde bucal e fatores relacionados a esta.