Desenvolvimento de uma nova técnica de coleta de amostra citológica, pelo método de impressão, em lesões de superfície ocular

Abstract

A citologia de impressão ocular é um exame não invasivo que tem sido amplamente utilizado como método de avaliação, não só no diagnóstico de lesões de superfície ocular, como também no seguimento pós tratamento de vários tumores de origens epitelial e melanocítica nessa região. Atualmente, os serviços de oftalmologia e de citopatologia do estado de Pernambuco não dispõem da citologia de impressão ocular para o diagnóstico citopatológico dessas lesões, ficando restritos aos diagnósticos clínico, de imagem e histopatológico. Isso se deve, principalmente, ao relativo alto custo do material necessário para aplicação da técnica de coleta e confecção dos espécimes referentes à citologia de impressão ocular atualmente utilizada. O presente trabalho objetivou desenvolver uma nova técnica adaptada de coleta de amostra citológica das lesões de superfície ocular, com baixo custo, pelo método de impressão. Para isso, foram utilizadas membranas finas de celulose, disponíveis no mercado não especializado do Recife. Para selecionar a melhor membrana, foram analisadas amostras coletadas na superfície ocular de cadáveres. Em seguida, a mesma técnica foi utilizada nos pacientes com lesão de superfície ocular nos ambulatórios de oftalmologia. Na primeira etapa deste trabalho, foram estudadas amostras coletadas de 30 cadáveres utilizando-se dois papéis distintos de celulose (papel manteiga e papel vegetal). Observou-se resultados semelhantes quanto à celularidade, preservação e adequabilidade das amostras. Já na segunda etapa dessa pesquisa, foi estudado apenas o papel manteiga, selecionado por apresentar menor custo e maior acessibilidade. Em uma população de 20 pacientes do ambulatório de oftalmologia que apresentavam lesões não hemorrágicas em superfície ocular, as amostras produzidas com papel manteiga demonstraram 85% de adequabilidade e 80% de definição diagnóstica. A partir desses resultados, pretende-se disponibilizar essa ferramenta no rol de serviços oferecidos pela rede de saúde do estado de Pernambuco. Essa nova técnica pode contribuir para uma melhor programação terapêutica dos pacientes com lesões de superfície ocular.