Uma análise das características de feminilidade presentes em coleções de Christian Dior.

Abstract

No contexto de uma sociedade de consumo, as grandes marcas constróem sua identidade a partir de atributos, esses existindo como promessas fortemente vinucladas às necessidades e desejos de seus consumidores que, por sua vez, nesses valores se pautam para se posicionarem em seus espaços sociais. Tal condição é especialmente evidenciada quando se trata de uma marca da cadeia moda-vestuário. Uma das formas de expressar a identidade da marca está no produto por ela chancelado, cuja coleção é elaborada para determinada temporada. Tais atributos intangíveis são materializados nas peças por meio de elementos de design, signos plásticos, que ganham significação no conjunto da mensagem por meio de sua interação com signos icônicos e linguísticos, assim comunicando a temática da coleção, o estilo e identidade da marca em questão, diferenciando-a da concorrência no mercado. A feminilidade é um conceito bastante explorado por diversas marcas. No contexto mundial, a marca Christian Dior foi reconhecida por explorar as características atreladas à feminilidade como atributos de identidade de marca. Contudo o conceito de feminilidade é uma construção social política, cultural e ideológica e existe imbricada em práticas sociais. Se para criação de uma coleção de produtos de moda cabe ao designer definir os elementos de design adotados para expressão dos atributos da marca, e como eles se ligam às tendências da estação, ao estilo e a temática da coleção, adotamos um caminho inverso ao da criação: buscamos analisar como, por meio dos elementos de design, a feminilidade foi significada na configuração estética das peças de roupa da coleção lançada pela marca Christian Dior em duas coleções: a de outono 2010 e a de verão 2015. Nossa pesquisa teve um caráter documental, nosso corpus foi formado por 69 imagens de peças apresentadas nos desfiles, todas as que estavam disponíveis no site oficial da Vogue. Nossa análise embasou-se na configuração estética de Löbach (2001), para quem a significação é uma construção que se dá apoiada na soma dos elementos e sua relação, e envolveu três passos: Coletamos as imagens disponíveis e executamos uma pré-análise em termos de forma e cor; elaboração do inventário denotativo de três imagens de cada coleção e, por fim, efetuamos a triangulação dos dados, analisando o conjunto dos elementos configurativos. Nossos resultados apontaram para os sentidos de uma feminilidade atrelada as palavras: sofisticação, sedução, intensidade, determinação e autoconfiança, portanto, bem peculiar e distante dos sentidos mais comuns: fragilidade, passividade e delicadeza.