Fatores psicológicos e sociais relacionados às atribuições dos cuidadores formais das instituições de longa permanência para pessoas idosas

Abstract

O número de pessoas idosas no Brasil cresce e estimativas apontam para 46 milhões de pessoas acima de 60 anos em 2033, conforme publicações de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse crescimento populacional impulsiona a criação de mais serviços assistenciais e de saúde para as pessoas idosas, como as Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas – ILPIs. Nesse contexto, considera-se a relevância da qualidade desses cuidados institucionais, especialmente as atividades que são executadas pelos cuidadores formais. O objetivo deste estudo consiste em analisar os fatores psicológicos e sociais que interferem nas atribuições dos cuidadores formais das ILPIs da rede pública. Trata-se de um estudo de campo, em abordagem qualitativa e natureza observacional, utilizando para tratamento dos dados a Análise de Conteúdo, na modalidade temática proposta por Laurence Bardin (2016). Três instrumentos foram elaborados e aplicados em seis cuidadores formais: uma técnica projetiva, que estimulou a criação de histórias, uma entrevista semiestruturada, e mais o formulário para coleta dos dados sociodemográficos. Buscando melhores resultados e inferências, realizou-se a triangulação dos dados obtidos. Os resultados foram classificados em duas categorias principais e cada uma delas subdivididas em outras duas subcategorias, considerando a frequência dos temas observados. Verificou-se que sentimentos de abatimento, conflitos, instabilidades emocionais e as diversas faltas referentes ao ambiente institucional estão presentes na rotina de trabalho e não favorecem as práticas de cuidado nas ILPIs. Por outro lado, os sentidos relacionados à ação de ajudar, ao pertencimento ao grupo e satisfação pela realização das práticas dos cuidadores, favorecem a produção do cuidado com mais qualidade e o desejo de fazer mais do que é prescrito. Entretanto, verifica-se que o cuidador formal das ILPIs é um profissional pouco reconhecido e insuficientemente aproveitado em suas potencialidades, necessitando de investimentos para aprimorar suas competências e assumir responsabilidades na inserção social das pessoas idosas.