Sintomas negativos e capacidade funcional na esquizofrenia

Abstract

Sintomas negativos são comuns nos transtornos mentais, sobretudo na esquizofrenia, considerada a oitava doença mais incapacitante do mundo. Além da mensuração desses sintomas, a análise sobre seus impactos na capacidade funcional pode ser um importante parâmetro no manejo terapêutico desses pacientes. Nesse sentido, a presente dissertação teve como objetivo verificar qual subdomínio dos sintomas negativos está mais correlacionado ao declínio da capacidade funcional. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, transversal em amostra não probabilística (n = 30). Foram aplicados os instrumentos: Brief Negative Symptom (BNSS) e UCSD Performance Based Skills Assessment - versão abreviada (UPSA-B), além de questionário sociodemográfico. Os dados foram analisados por meio de parâmetros de estatística descritiva e inferencial. Houve predomínio do gênero masculino (60%), além de elevada taxa de desemprego (46,7%) e benefício (53,3%). Observou-se um déficit significativo da capacidade funcional (45,49), tendo em vista o escore de 21,01 pontos abaixo do ponto de corte, além de maior prejuízo nas habilidades financeiras (25,67). Dentre os sintomas negativos, houve maior comprometimento do gesto do afeto embotado (3,33); comportamento da sociabilidade (3,13); experiência interna da avolição (2,97) e prazer esperado da anedonia (2,93), bem como predominância do subdomínio Motivação Prazer. Entretanto, ressalta-se que foi a Expressividade Emocional o subdomínio que obteve maior correlação com a capacidade funcional (-0,53) com prejuízos tanto nas habilidades financeiras (-0,42) quanto nas habilidades de comunicação (-0,44). Em relação à última, destaca-se, também, a importante correlação com o comportamento da sociabilidade (-0,61), apesar de este pertencer a outro subdomínio. Na esquizofrenia, os sintomas negativos mais comuns pertencem ao subdomínio da Motivação Prazer. Entretanto, destaca-se a influência do subdomínio Expressividade Emocional que associado ao comportamento da sociabilidade prejudica significativamente a capacidade funcional de indivíduos com esquizofrenia, em especial, sua habilidade de comunicação, tão necessária para um comportamento social e independente de vida.