Produção de biogás a partir da degradação de resíduos da agroindústria de biodiesel

Abstract

As políticas ambientais executadas por órgãos governamentais e indústrias têm sido direcionadas ao gerenciamento de seus resíduos e sua agregação de valor. Esta questão também é evidenciada nas agroindústrias, que consistem nas atividades responsáveis pelo processo e transformação de matérias-primas provenientes da agricultura. Este tipo de indústria tem colaborado para o aumento de problemas ambientais com o desperdício de matéria prima e energia, resultando no aumento em investimentos para controlar a poluição, traduzido em perdas econômicas. Geralmente localizadas em regiões rurais, as usinas de biodiesel são um tipo de agroindústria que surgiram como uma oportunidade de alavancar economicamente as regiões produtoras, promover a transferência de tecnologia, formação de mão de obra e distribuição de renda. Todavia, como desvantagens, a produção de biodiesel produz resíduo como a glicerina, água de lavagem, a torta e borra de óleo, resultantes de seu processo de produção, havendo a necessidade de gestão ou tratamento desses resíduos, valorizando seus subprodutos, a exemplo da Usina Piloto de Biodiesel, localizada no município de Caetés, no estado de Pernambuco. Diante do panorama da geração de biomassa, frente ao elevado teor de matéria degradável existente nesses materiais, pode-se vislumbrar uma agregação de valor da biomassa produzida na Usina de Biodiesel com o tratamento anaeróbio dos resíduos, consubstanciando todos os parâmetros com a finalidade de produzir biogás e metano, possibilitando uso de energia renovável e diminuindo o consumo de energia elétrica na unidade. Com isso, pode-se contribuir para a geração de energia elétrica local e/ou a unidade de produção, além de diversificar a matriz energética e corroborar a viabilidade de produção deste tipo de energia de grande potencial nas regiões rurais. O presente trabalho avaliou os principais tipos de resíduos gerados na Usina Piloto de Biodiesel de Caetés, analisando o potencial de geração de biogás desses resíduos. A glicerina, em mistura com o lodo, não mostrou influência na produção do biogás; em interação com a torta e o lodo obteve resultados positivos com volume de biogás de 328,87NmL. Números expressivos foram obtidos com a mistura do lodo com a água de lavagem 431,53 NmL. É possível que a alta concentração de ácidos graxos presentes na amostra contendo a borra de óleo tenha provocado a inibição da atividade microbiana. Com bases nesses dados e no cálculo de eficiência energética, pode-se sugerir a adoção do uso de biodigestores com resíduos da usina para produzir energia na unidade, possibilitando uma diminuição de 20% do consumo energético.