Estudo etnofarmacológico de Solanum paniculatum L. (Solanaceae)

Abstract

Solanum paniculatum L. é conhecida popularmente como jurubeba-verdadeira. Esta espécie é usada na medicina popular principalmente no tratamento de desordens hepáticas, gastrointestinais e febre, e em menor escala como desinfetante e cicatrizante de feridas. O objetivo deste estudo foi verificar a atividade antioxidante, antimicrobiana e anti-inflamatória tópica de diferentes extratos (folhas, flores, frutos, caule e raízes) de S. paniculatum como indicativos da possível atividade cicatrizante da planta. A avaliação fitoquímica foi realizada por cromatografia em camada delgada (CCD) utilizando sistemas e reveladores específicos e através da dosagem de compostos fenólicos e flavonoides. O potencial antioxidante dos extratos foi analisado por diversos métodos in vitro: capacidade antioxidande total (fosfomolibdênio), sequestro dos radicais DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila) e ABTS (2,2- azino-bis-(3-etilbenzotiazolina)-6-sulfonato). A atividade anti-inflamatória tópica foi avaliada pelos modelos de edema de orelha induzido por diferentes agentes flogísticos: óleo de cróton, ácido araquidônico, fenol, capsaicina e fenilpropriolato de etila (EPP). A prospecção fitoquímica revelou a presença de várias classes de metabólitos secundários, com destaque para os flavonoides, triterpenos e esteroides, mono e sesquiterpenos. O extrato das folhas de S. paniculatum apresentou uma maior atividade antioxidante e antimicrobiana, quando comparada com as demais partes da planta estudada. A concentração de ácido clorogênico, β- sitosterol e estigmasterol no extrato das folhas foram quantificados através de CLAE. O extrato das folhas apresentou atividade anti-inflamatória em três dos modelos agudos estudados, expressa em percentual de inibição do edema de acordo as respectivas doses usadas: óleo de cróton 2%, 63 e 82,5% nas doses de 0,5 e 1,0 mg/orelha, respectivamente; fenol 10%, 91% na dose de 1,0 mg/orelha; e EPP (2 mg/orelha), 96% na dose de 1,0 mg/orelha. O EFSP também exibiu atividade anti-inflamatória crônica apresentando percentual de inibição de 39,5 %, além de inibir a atividade da MPO em 40,13% e reduzir os danos teciduais. Em conclusão, o extrato das folhas apresentou atividade antioxidante, antimicrobiana e anti-inflamatória tópica, resultados que indicam a possível eficácia do uso popular desta espécie como desinfetante e cicatrizante de feridas cutâneas. Todavia, são necessários mais estudos para determinar a atividade cicatrizante direta do extrato das folhas de S. paniculatum.